sábado, 26 de dezembro de 2009

Durante meu ócio

Oh sais da África do Sul!
Quanto suor foi necessário para te produzir um tanto?
Sob esse sol escaldante que aqui impera
E esse vento incessante que arrepia
(pêlos e espetos sobre o couro)
Proteções naturais, luta pela sobrevivência!
Eterna vontade de potência!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Hoje eu parei pra ouvir.

Hoje eu parei pra ouvir o som do dia inteiro, de uma vida inteira, no dia de hoje. O tic-tac do relógio, o peso do tempo. O vento na cortina, a respiração do mundo. As batidas da asa de uma borboleta, batidas do coração. Hoje eu parei pra ouvir o som baixinho quase mudo, que só se ouve quando se para pra ouvir. Hoje eu parei pra ouvir o som da minha consciência; e o que ela me disse eu não conto pra ninguém.


[I was listenning: All My Days by Alexi Murdoch]

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

[Mais um] Sem terminar.

Não estava ali como sempre esteve, nas últimas semanas. Estranho. Lembro bem, não se movia muito. Sempre fingia ler um jornal que, aposto, não era atual. De vez em quando abaixava a cabeça, soltava uma das mãos do jornal e procurava algo nos bolsos; nunca encontrava nada neles. Voltava a olhar pro jornal e dali, disfarçava pra olhar a minha janela. Fazia esta mesma sequência várias vezes. Não sei se como ritual, ou por não ter outra coisa pra fazer. As vezes alternava o mecher nos bolsos para o olhar no relógio. O horário do dia também era sempre o mesmo; chegava sempre às 17:00hs, pois estamos em horário de verão e ele, muito branco, acredito que não pegaria o sol de horas anteriores. Estava sempre de boina. Dependendo da roupa, era azul com uns tons em vermelho, como se fossem pinceladas, ou xadrez básico com marrom predominante. Percebi, tinha uns chiliques delicados quando se sentava; coisa de gente que já viveu bastante e, além das manias cristalizadas, tem os movimentos bem lentos e leves. Todas as vezes que descia pra pegar o São Bernardo/Centro, apressada pra chegar no ponto e ainda ter tempo de parar um pouco no sebo do Seu Chico, que fica ao lado, tentava não olhar pra ele. Me distraia com o chaveiro da bolsa, com um grampo quase caindo do cabelo ou com meu próprio equilíbrio no meio-fio, tipo trapezista. Como o meu prédio fica na metade da rua e o banco onde ele se senta fica um pouco pra cima, na diagonal, até virar a esquina precisava arranjar coisas pra me distrair. Hoje não precisei; ele não apareceu. Talvez eu devesse procurar saber quem é, afinal, nunca se sabe o porquê de pessoas estranhas ficarem te observando.


-


...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Divagando um pouco mais

E tudo o que eu pensava que seria e que não foi
Mas que eu queria que fosse se foi
E voltou pra mim como um dilema a ser resolvido
Comigo e consigo ja ver o problema que no princípio
Não via e sorria como se o mundo inteiro sorrisse
A mesma alegria que eu tinha e não tenho mais
Nem paz nem sossego tampouco apego a qualquer coisa
Que me deixe inteiro e completo assim como um feto
Se sente seguro do futuro e da existencia sem consciencia
Dos perigos e abismos fora do seu ninho. Coitadinho.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aos meus amigos: Apologia à patota

Que não seja só de passagem,
Que não seja só do momento
Essa nossa amizade, nossa conspiração em prol de nós mesmos.

Formamos a elite e confiamos mutuamente
Nossos segredos, críticas, pensamentos
E até arrependimentos do passado ou do momento.

Porque se não formos nós a nos ampararmos
Ninguém mais será, com certeza.
E se um dia chegamos aonde estamos
É porque já era previsto.

E, quando um cair em aflição,
Que o outro estenda a mão.
Esse é o nosso pacto,
Que rege essa conspiração.

Não digo união porque não o é.
Em cada um de nós repousa o sentimento
De que os nossos companheiros
Se dêem melhor do que os outros, estrangeiros.
Isso se chama conspiração.

E essa é a nossa sociedade-não-secreta dos amigos vivos,
Já que nao temos nada a esconder
E queremos sim dominar o mundo!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Fantasiando

Então, no dia, faremos assim: eu levarei aquela toalha da minha mãe, que tem aqueles desenhos geométricos que sempre implico, dizendo que são desenhos subliminares, e você levará aqueles dois copos verdes que eu comentei sobre os tons, aquele dia. Enquanto você vai até o mercado arranjar algo pra tapear o almoço, vou me virar com aquele pão de queijo que eu finjo saber fazer sem olhar na receita. Não iremos a pé, vamos de bicicleta, porque até já emprestei a Calói do meu vizinho, que é azul e não tem uma cesta, mas está em bom estado. Na ida passaremos na bicicletaria ali da esquina pra encher os pneus e conferir os freios. Ah, e não vá esquecer do livro de piadas que você ganhou do seu tio, aquele que te faz gargalhar em quatro estilos diferentes. Aquele livro tem algum tipo de poder, acredito. Hahaha Bem, eu me encarregarei de levar a máquina nova pra fotografar você naquele gramado, que já posso imaginar, combina tanto com a tua cor e os teus olhos. Dentro da capa do violão deixei minhas folhas de rascunho já faz um tempo. Não esquecerá delas. Tem coisas que escrevi ali que preciso reler. Quanto ao horário, pretendo que não seja tão tarde e que o dia esteja ensolarado. Eu sei que o sol das 14hrs é perigoso, você sempre diz isso, mas eu não quero voltar tão tarde, pra poder locar o "Before Sunset" e assistir mais umas duas vezes. Faz o favor de me ligar quando estiver saindo daí, pra que eu me organize nos tempos, pra gente ficar sincronizado. Isso ficará combinado. Quanto ao dia, não se preocupe, quando for pra ser vai ser, do jeito que a gente combinar: com gramados verdes, árvores que parecem samambaias gigantes, quero-queros alucinados e suco de caju. E eu vou estar tão contente que a tua companhia será para mim um depósito de bizarrices. Vou rir e sorrir e você vai fazer caretas e o mundo a nossa volta vai parecer congelar, pra gente viver o momento sem receios. Vou cruzar as pernas e pendurar minha cabeça na mão direita, pra te observar cantando "High and Dry" com os olhos fechados. Ah, e quando o sol já não estiver presente, vamos ficar um tempo em silêncio, fechar os olhos e ver se a gente sente a presença um do outro sem precisar ver ou ouvir. Nesta hora, depois de um tempo, se eu abrir meus olhos e você não estiver ali, mesmo sentindo a tua presença, vou saber que você quase está, pois eu já te concretizo duma forma que me parece mais real do que a minha própria existência.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O mundo como ele é

São ônibus, carros, motos, bicicletas, pessoas, bebês, cachorros. Os primeiros raios de sol fazem emergir esses seres diurnos que saem de suas tocas, de seus pombais, para a correria do dia, essa emergência-urgência eterna em busca da sobrevivência inconseqüente.
Este é o formigueiro humano em que vivo, de outros tantos semelhantes espalhados pelo mundo, com suas idéias efervescentes, sua insegurança e fragilidade própria de toda espécie parasita, tão dependente, tão exposta.
Como são pequenos e admiráveis esses seres adestrados, esse organismo pluricelular. Pena que apesar de toda a sua capacidade intelectual restem ainda certos indivíduos com dimensões psicológicas tão ínfimas e um ego tão inflamado que são verdadeiros vírus, maçãs podres na fruteira.
O caos. O caos organizado reflete a incomunicabilidade, a falta de consenso dessa espécie quando ameaçada por um perigo iminente. A racionalidade é esgotada pelo medo e determina a i-reação frente à extinção e a manipulação dos mais fracos pelos mais inteligentes. Essas épocas de crise são marcos de mudanças nas ordens social, política e econômica na vida do formigueiro.
Esse aquecimento global talvez (espero) venha a ocasionar uma erupção de melhores idéias, melhores condições nesse habitat. O grande problema em se tratando dos nós humanos é o fato de vivermos sempre na esperança.

domingo, 1 de novembro de 2009

Segurança

Havia uma coisa estranha atrás do quadro.
- Ali!
Não conseguia ver, mas estava ali. Uma coisa... estranha.
Fitei. Estiquei a mão: medo.
(!)
Recuei, montei sentinela e esperei.
- A coisa há de sair...
Só havia quatro cantos. Mas por trás de qual estaria? Intui que estivesse no canto inferior esquerdo.
- Coragem!
Estiquei o braço. Fiz um esforço sobre-humano e... e...
- Droga! Estou quase lá!
Toquei o quadro e comecei a levantá-lo.
Pá!
O quadro se espatifa no chão!
Agora já posso continuar meu poema.

sábado, 31 de outubro de 2009

Run for rest

Eu temo o impossivel. Temo que o vento me traga aquilo que desejo e assim ficar sem futuro. Por isso saí correndo. Levantei do computador, botei um tênis, saí pela porta sem trancar e caí no mundo, na rua. Voei duas ou três quadras, me perdi nos pensamentos instantâneos, as frases sem completar, coisas pra fazer, pessoas que conheci, sinal fechado – não importa – cuidei dos carros e a moto que vinham. Em dois pulos atravessei a zona perigosa. Olhei pra trás: alguém vinha me seguindo. Silencioso, desaparecia nas sombras. Amigo, inimigo ou neutro? Não sei. Minha sombra. Deslizei pela ladeira à frente. Um barzinho, um toldo com bordas, não resisti. Saltei, dei o tapa da conquista. Os cachorros das casas desejosos de me pegarem. Eles me amam! Sou a alegria da sua euforia! Pássaros e seus rasantes, folhas rolando, a calçada sombreada e fresca... O vento me embalou: os pés deixaram o chão e fui carregado. Foi como um salto à distancia quilométrico. Estava longe de casa. Anoitecia. Luzes, faíscas, ruídos, roncos, fumaça e risadas. Muitas risadas. Happy hour and happy people. Senti saudades de casa, do mato, da chuva e da grama molhada. Quis chorar - solucei - forcei o ritmo da corrida até perder o fôlego e o pensamento. Queria ser criança e dar risada do meu mundo, sabe? Deixar a imaginação dirigir meu rumo. Voltei pra casa correndo pelos fios de luz. Escalei o meu prédio e durmi num algodão gigante que tinha dois olhos e um rabo. Há algum tempo que não sonho.

Volúvel: meus ultimos dias

Porque o mérito é meu. E só meu. Já que nos dias em que o sol gritava lá fora em meio a toda vastidão azul fui eu que resisti à vontade de desistir. Não dou graças a ninguém que não eu mesmo. Sei que o esforço vale a pena. Minha alma não é pequena. Essa resistência interior deixou seqüelas, sim. Hoje sei que sou mais forte que ontem, que os obstáculos me farão crescer. Mas sei também que diante de cada obstáculo vou fraquejar e vou querer sair do jeito mais fácil. Vou condenar o mundo, desmerecer as pessoas ao redor, descontar em alguém. Mas são os sintomas. É difícil saber que vai ser sempre assim. Mais difícil é saber que vou sofrer e mesmo sabendo disso não conseguirei evitar. É como saber da morte e não poder fugir. Descubro, enfim, num relampeio, numa epifania, que o destino não são fatos que devem ocorrer em seqüência, mas são vivências das quais não podemos fugir. Hoje acredito em destino. Amanhã já não tenho certeza. Talvez seja destinado ao acaso. Sei lá.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pra tirar o atraso: meus ultimos dias

Noite perfeita: amena, calma
Lua!
E a gente gastando a vida em livros...

Saber que nunca mais seremos jovens!
Nunca mais zombaremos da morte como agora...

Seremos atormentados
E atormentaremos aos jovens, por sua vez

Direi que aproveitem a vida!
Mas que, para aproveitá-la, trabalhem, estudem

E a vida já não tem mais sentido
É um ciclo, um biciclo, um triciclo

Cada roda deseja uma direção
Mas as três seguem para o mesmo lugar
Que tantas outras rodas já tentaram desviar...
Inutilmente.

Um, dois, três
Respiro:

Nada.

Esse nada
Consome.

sábado, 10 de outubro de 2009

23 de Fevereiro de 2008 - 23:00 hrs

Enquanto ele anda sozinho pelas ruas iluminadas da cidade quase adormecida, ela sonha com ele e pensa nele ao mesmo tempo em que cozinha; em que arruma as coisas espalhadas no quarto; em que dá ordens para o irmão mais novo deixar de se acomodar.
Ele lê. Ela lê. Ele toca o instrumento musical preferido dela. Ela, quando canta, pensa nele. Mas cada um em seu mundinho intransponível, egoísta e cheio de idéias.
Quando está sozinha, parada na janela do quarto, olhando para o relógio da torre da matriz muito bem iluminada, ela se imagina caminhando ao lado dele, sorrindo e falando sobre coisas banais dos seus dia-a-dias, enquanto ele a escuta e a analisa com um ar sabido e sincero no rosto. Um olhar de quem a ama de verdade, do jeito que ela gostaria que fosse.
Quando está sozinho, olhando para a imensidão de estrelas que deixam a noite tão bela, ele confabula consigo mesmo sobre os seus projetos futuros, sobre seu estudo e seu trabalho, sobre o quão rico ficaria se isso ou aquilo acontecesse.
Olhando-o de longe, ela é fuzilada por sentimentos de perda, de falta, de um carinho que não pôde mais oferecer, de um carinho que foi negado por ele (sem explicações). E estes sentimentos, de tão intensos e sinceros, levam-na a amá-lo mais e mais, pois esta tal "dor-do-amor" é boa de sentir!
Olhando-a de longe, ele sabe o que ela sente, ele sabe o que se passa na cabeça dela, ele a conhece mesmo achando que não. Olhando-a de longe, ele apenas lamenta. Mundos distintos, distantes, porém, atraentemente completos.

domingo, 4 de outubro de 2009

Difícil dizer.

Mas e se um dia eu te disser que estou me sentindo estranha e que não consigo conversar, você pode sorrir e dizer que tudo bem, mesmo não entendendo essas minhas coisas, pois eu também vou sorrir e dizer que não entendo dessas minhas próprias coisas. Mas e se um dia eu te parecer diferente ou fora do comum, com um jeito estranho de te olhar e te falar, você pode parar e refletir, pois afinal não se fica diferente de uma hora pra outra; eu também estarei refletindo. Mas e se um dia eu estiver tão distante e tão fora do assunto que vai ser chato continuar conversando, você pode se zangar e fazer aquela cara de desaprovação, pois na hora eu vou estar mesmo precisando que alguém me tire daqueles longos pensamentos. Mas e se um dia eu me calar e definitivamente não responder? Se eu te deixar estranhamente envergonhado e confuso com o meu silêncio? Aí você pode me olhar nos olhos por alguns instantes que vão parecer infinitos e também se calar. Nesta hora o meu silêncio vai te falar tão alto, meu olhar vai ser-te tão intenso que você saberá por ele que de todas as formas e jeitos eu quis te demonstrar o que sinto. Você saberá que eu quis dizer "eu te amo" de todas as formas, sem ter que parecer óbvia. Você saberá e entenderá, pelo meu silêncio, que o que eu sempre quis foi não ter que te dizer.
Mas e se um dia eu te disser?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Somos eu e...

E somos nós, nós insanos, que nos disperdiçamos em tempos longos de caminhadas longas de reflexões extremamente longas. E somos nós e não eles, boêmios infantis, embebidos de prazeres efêmeros, com seus drinks azuis, seus cigarros em maço e suas prostitutas ousadas. E somos nós e não elas, crianças tolas vestidas de branco e preto, gozando de maturidades fantasiadas, com seus hormônios alterados, seus desejos retorcidos. E somos nós, nós inocentes, que nos aborrecemos com mediocridades sem limite, com mentes escassas, culturas poluídas [e vice-versa]. E somos nós e não eles, lideres ignorantes que pintam nossa história de cinza, enchem seus bolsos de verde, mentem discaradamente e sorriem amarelo. E somos nós e não eles, garotos(as) duvidosos(as) com seus conceitos facilmente mutáveis sobre beleza e sexualidade e suas drogas ainda mais alucinógenas. E somos nós, nós pensadores e escritores da noite, nós responsáveis demais, nós conscientes demais, nós conformados de menos; somos nós que mantemos a "ordem"; somos nós que morremos de pena; somos nós que acreditamos. Ainda acreditamos. Mentes brilhantes, jovens saudáveis, políticos honestos. Nada utópico, de fato!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Máscaras

Notem isso: Zorro: mascarado; Homem-aranha: mascarado; O Máscara: mascarado. E outros tantos heróis mascarados ou carnavalescos dessa vida. Agora... Por que a (droga da) máscara? Por quê? Coisa mais desconfortável!
- Ããã... Pra esconder suas identidades?
- Sim, meu caro Sócrates, sim... Estais aprendendo! Mas ainda há algo de misterioso. O que há por trás dessas fantásticas máscaras?
(pensa...)
- O rosto dessas pessoas?
- Surpreendente, Sócrates! Você é acima da média!
O que quero dizer, meus camaradas, é que há algo de excepcional nas próprias máscaras. O que é que elas proporcionam?
- Só sei que nada sei.
- Não tem importância. Um dia você saberá.
Já que a conversa não anda pela própria vontade, vamos vomitar aqui o que venho lhes dizer e que tento deixar o máximo interessante possível.
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O fato é que todos nós (ou a maioria) já ouvimos dizer “as máscaras estão caindo”.
(interrompe)
- Sócrates, passe a matéria de hoje para o Platão que ele tá doente e não vem.
- Tudo bem.
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Continuando... Vocês já pensaram que a felicidade é o fim último que todos nós buscamos?
- Aristóteles! Tire o dedo da boca!
Aff... Vamos dar um passeio. Aqui é impossível de se conversar.
(alguns minutos depois)
Então, se todos buscamos a felicidade, por que é que somos tão tristes? Por que não fazemos o que realmente desejamos? Bom, é simples: por medo. Pense um pouco.
Já reparou que em todas as circunstâncias nas quais poderíamos comprometer nossa imagem, usam-se máscaras? Não digo profissionalmente, mas quando fazemos algo realmente diferente ou necessário. Os heróis que utilizei de exemplo, por exemplo, quando precisam levantar e bater o peito contra alguma coisa que está errada, eles usam máscaras. No carnaval muita coisa acontece, mas hoje nem se usam máscaras. As coisas, as roupas vão caindo de acordo com o ritmo da coisa.
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Em outras palavras, digo que só de máscaras é que somos felizes. Sem elas inicia-se uma longa farsa, uma tragédia, na qual todos fingem agir de acordo com o Script Maior e atua-se de maneira mais suave possível. Formamos quase a paisagem de toda a peça, na qual só aparecem as pessoas que realmente têm talento e coragem.
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Na real, o único lugar que somos quem somos, digo sem as máscaras, é no banheiro. Somos seres psicologicamente inseguros diante do social. Somos psicopatas-de-banheiro.

Palavras retas

Sonhei que comia um sonho.
Acordei babando no travesseiro.
Um filete de luz invadia o quarto.
Saltei da cama, abri as cortinas: frio, pelo aspecto das árvores.
Pijama, pantufa nos pés, um cheiro de café.
Cheguei à cozinha...
Ali (!)
(?) Um sonho!
Comi.
Às vezes a realidade é melhor.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vida: cinco sentidos e uma razão

Começo com o seguinte enrola-neurônio:
“E o que será dos loucos quando sua loucura tiver cura?
E o que será de nós quando descobrirmos que os loucos detêm a cura?
Os sábios sem os loucos são nada. E os loucos sem os sábios, continuam loucos.
Os loucos não devem nada a ninguém. Eles não passam a vida contemplando idéias, mas vivem errando e acertando e servindo de exemplo aos sábios que os reconhecem. No fundo, o louco é um sábio. E o sábio é um louco quando percebe que um louco é um sábio.”
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Assim foi na história. E assim sempre será. Afinal de contas, loucos somos nós, que vemos razão e lógica em coisas onde não há. Loucos somos nós quando defendemos a Amazônia sem nunca ter estado lá. Loucos somos nós quando acreditamos que estamos lendo isso. Esse mundo virtual não existe, nem as letras, nem os pensamentos.
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É tudo energia. E a energia é o que, senão uma metáfora da ciência? E a ciência é o que, senão uma coleção de metáforas? Claro que a ciência prevê alguns fatos. Mas os fatos não existem. O que existe são apenas interpretações. O mundo é o que você faz dele. A ciência é tão boa quanto for sua tecnologia. Além disso, quem garante que uma reação química que deu certo infinitas vezes venha a dar certo da próxima vez? O mundo não é exato. E a menor distância entre dois pontos não é uma reta, sinto muito. De acordo com a própria ciência moderna, a menor distância entre dois pontos é uma curva. Albert explica.
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Mas a pergunta continua: O que será dos loucos quando sua loucura tiver cura? O que será de nós quando descobrirmos a Verdade? (e a ciência for perfeita, a vida for infinita, o mundo for reto...?) Infinitas são as dúvidas. O que importa é só essa coceirinha chamada curiosidade.

domingo, 20 de setembro de 2009

Precisava de uma idéia.

Idéia mesmo, daquelas fascinantes que vêm de repente e te pasmam, sabe? Sentia que precisava de uma idéia, pra fazer dela a minha grande idéia! Seria o meu achado, meu assunto, durante dias. Com ela, quem sabe, até faria mais alguns colegas, ou até encontraria um novo amor. Com a minha idéia eu rodaria o mundo! Mas é evidente que uma idéia dessas não vem assim, do nada, de uma hora pra outra, sem nenhum incentivo aparente. [até vem, mas estas geralmente são idéias “de momento”, que eu acabo descartando minutos depois] Então, decidi me concentrar pra lembrar das minhas antigas idéias, pra ver se delas eu tirava uma nova idéia. Triste, não eram muitas idéias as minhas, mas, percebi, tinham algo em comum: eram idéias isoladas, dotadas de objetivo, vindas de uma idéia menor, dum detalhe, algo do gênero. Partindo disso comecei a reparar mais nas coisas, nos detalhes, nas minúcias, em tudo que fosse pequeno e que pudesse se tornar grande, em coisas que pessoas que não estão muito a fim de ter idéias além das do quê comer no jantar, não tem. Não, eu não queria idéia deste tipo. Precisava de algo grande, algo que parecesse inovador, que em primeira instância parecesse não fazer diferença. Eu precisava. Eu precisava de uma IDÉIA. Eu precisava de uma GRANDE idéia. Eu precisava COM URGÊNCIA de uma grande idéia. [e a frase ia aumentando de adjetivos, conforme as horas iam passando, mas nunca se desvencilhando da idéia inicial: a própria idéia].
Sabe, eu tive uma idéia. (:

Da Bucólica pro Mileto.

Queria dizer algo como: seja bem vindo, Tales querido. ^^

Ser bem vindo é vir de bem, não? É sentir-se bem em vir. Pois é, mas desejar isto pra ti seria estar apreensiva de que tu pudesses não estar bem em estar aqui. Mas tu, Tales, tu estás em casa menino! Tipo, de moleton, chinelo de dedo, comendo sucrilhos, dá pra entender? Hahaha E, em vez de te desejar boa vinda, eu mesma desejei bem a minha vinda aqui. Ler o que você escreveu foi como ler algo que eu sempre quis dizer, escrito por outra pessoa e, convenhamos, da forma mais engraçada-criativa-objetiva possível! Eu estou bem em estar também aqui, Tales. Meus sinceros parabéns! (:

Ao infiníto e além!
o/

sábado, 19 de setembro de 2009

Uma alternatividade alternativa (um oi para todo mundo)

Bom, quero me apresentar, antes de tudo, aos caros leitores ou simples surfistas dessa teia (web).
Meu nome é Tales, sou amigo da Leticia e estarei contribuindo aqui no blog com alguns pensamentos e passatempos. Já devem ter visto que eu tenho um poema dejá postado aí embaixo.
Um pouquinho sobre mim: curso medicina em Curitiba, toco violão e gosto de fazer coisas alternativas. Falando nisso, esse será um bom tópico de início de conversa aqui no blog.
Afinal, o que é (ser) alternativo? Pra começo de conversa quero deixar bem claro que não, emos não são alternativos. Cada um no seu quadrado. Esclarecido isso, vamos ao miolo do pão.
Nunca ouvi dizer, mas já senti (nas entrelinhas) que ser alternativo é botar um Allstar no pé (risos). Se assim fosse, Jesus teria usado Allstar em pleno século zero de nossa História! Pois (pense você) existiu alguém mais alternativo que o próprio JC?
- Com licença!
- Pois não?
- Eu acho que os Strokes são mais alternativos que Jesus...
- Ah, tá! Presumo que também o sejam os The Kooks, Libertines, Fratellis...
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Ora, ora, ora. Definitivamente guitarras e Allstars não definem o sentido de “ser alternativo”.
- Oh my God! Então quem sou eu? O que será de todas as minhas roupas, lenço xadrez e pose de jovem-inglês-desnutrido-e-anêmico??
- Toma isso aqui.
(enche o copo)
- O que é isso?
- Cicuta.
- Ah... E é bom?
- Bebe =)
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Amigos, irmãos, broders, chegados, parceiros, compadres, trutas, enfim... Eis a pergunta que não quer calar: O que é ser alternativo?
Para alguns é uma questão de estilo, para outros, de filosofia. Quem tem mais razão? Vamos ao livro dos sábios: o dicionário! No Aurélio eu encontrei:
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Alternativo. Adj. 4. Que não está ligado aos interesses ou tendências políticas dominantes: imprensa alternativa.
.
Há! Imprensa alternativa = blog. Blog = imprensa alternativa. Sim, a recíproca é válida! Caras amigos, Veja... Istoé uma co-incidência!
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De volta ao passado, creio eu que, na minha opinião, eu acho que, para mim, ser alternativo é ser você mesmo. Simples assim. E por quê? Bom, porque vivemos uma cultura em que tudo está padronizado e encaixotado e quando buscamos nossos próprios invólucros, automaticamente somos alternativos. Isso pode se traduzir tanto na vestimenta quanto na ideologia. O alternativo é concreto, mas também abstrato. Agrado, assim, a gregos e a troianos, mas não aos emos, aos quais peço desculpas pela brincadeira infame.
.
Fazendo jus ao meu nome, Tales, o primeiro filósofo ocidental, que acreditava que o principio de tudo era a água (não ria se não compreende!), gostaria de produzir uma alegoria. Ser alternativo é seguir aquilo que mais é abundante em nosso corpo: a água. Ser alternativo é amoldar-se, assumir diferentes formas, ver o mundo de outros ângulos e sempre inquieto, sempre escorregadio e vitalício.
.
Au revoir!
.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Preso no Tempo, por Tales Struecker

E eu fiquei
e ninguem soube de nada.
E eu fiquei
a olhar para o não, para o nada.
O vácuo: o espaço entre os tenistas
ativos e rapidos.
E seus gritos ressoavam nos meus ouvidos atentos.
os meus olhos, porém, lentos.
Senti o mundo oscilar em ritmo da respiração.
Vi a bola parada no ar e o ar esperando ação.
Era de se imaginar que a minha divagação,
a minha viagem, voltasse ao normal,
mas não.
E fiquei
e ninguem soube de nada.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Acordou cedo, sorrindo-se toda. Arrumou ligeiramente o quarto e abriu a janela. Enquanto se mexia pra lá e pra cá, tentava lembrar aquele trecho bonito daquela música que falava das manhãs de sol de inverno. Penteou os cabelos, arranjando algumas mechas para que ficassem, assim, meio que soltas ao natural. Olhou-se no espelho de forma singela, um jeito que ela gostava de fazer tipo de gente tímida. Riu da pose e da expressão que fez; depois riu do próprio riso.
Desejou, ainda na frente do espelho, ser um pouco mais magra, ter um pouco menos de espinhas, ombros mais largos, pernas mais compridas... Olhou-se mais uma vez, por um tempo que pareceu ser bem longo, e desdenhou o próprio desejo, achando ele pobre e midiático demais! Estava tão contente que deixou o espelho, sorrindo, satisfeita por ser como era, assim, com as imperfeições tão claras, tão dela; imperfeições que ela achava que a deixava mais humana/humilde.
Abriu o guarda-roupa, escolheu algumas peças e fez algumas combinações estranhas. Imaginava-se com cada uma delas na rua, no mercado, no cinema, na casa de um amigo. Vestiu-se e caminhou um pouco pelo quarto, observando como as roupas ficavam em seu corpo, de frente-costas-perfil. Gostava do próprio corpo, mesmo que ele não fosse o corpo ideal [da TV]. Era o seu corpo ideal.
Gostava de vestir-se de forma diferente, porque achava que era impossível o diferente ficar feio em alguém. O que é diferente é diferente e não feio, disse pra si mesma. Reparou no estilo e admitiu que tivesse uma tendência meio retrô pra se vestir, porque, as vezes, desejava vestir as roupas das avós, das tias-avó, enfim. Também achava que, se não fosse um tanto discreta, vestiria quase todas as roupas masculinas que já desejou vestir. Achava que as roupas masculinas ficavam bem nela.

to be continued...
Se você parar pra ouvir
de quando em quando eu vou dizer
que o que fica é a lembrança
serei feliz, você vai ver

Se você me cantar, sorrir
teu sorriso doce de amanhecer
vai me trazer a esperança
que este tempo não me deixa ter

vou lamentar não te ver por aí
linda e leve, brisa breve

Vou mendigar teu estar aqui
Fica e serve, você pra mim

O Céu de Agosto

E este inverno
que não passa
de uma dor
que me diz
graça

deixa o frio
na pura essência
ser/estar sem/com
ciência

chove sempre
na Vidraça
dos meus olhos
de aprendiz

faz valer
o tempo branco
o céu de agosto
cheira anís

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Farta!

Estou farta de tentar me encontrar nas entranhas de algum grande feito; nos intervalos de momentos falizes; nas entrelinhas de uma bela obra. Estou farta de tentar me descobrir pura e abertamente. Eu sou a vilã. Não sou a mocinha. Eu luto comigo mesma e, as vezes, me mato mas não morro. Por não entender de morte, não entender de vida, não entender nada. De tudo. Estou farta de saber que não sei. Por saber que não sei [Estou farta] de mim, de ti, de tudo.

Quis te escrever

Quis te escrever, te falar, te expor tanta coisa! Mas estas coisas eram tão grandes, tão variadas e tão muitas que foram se misturando e se entrelaçando e me confundindo e eu, não bem certa de todas elas, - na realidade não bem certa de uma separada da outra, eu acabei não sabendo como escrever, como falar, como expor! Desanimei um pouco, na hora, por ter tentado tantas vezes e ao fim descobrir que estas coisas não se falam, não se escrevem, não se expõem. Estas coisas existem por elas mesmas, isoladas, sem serem faladas, escritas ou expostas; são coisas estranhas e são egoístas. Concluí então que deveria escrever sobre o meu desejo de te escrever-falar-expor todas estas coisas, afinal elas são tão grandes e tão variadas e tão muitas que eu só poderia mesmo desejá-las. Foi o que fiz-faço-feito. (:

De vez em quando [depois de ler Caio]

E de vez em quando, naquelas vezes em que você me vinha na memória, na palma, no peito, de vez em quando eu gozava e ria da minha absurda imaginação de te querer presente, real, agora. Houveram até mesmo momentos em que você estava alí, aqui, por aí, mas neste momentos eu não era exatamente-completamente eu - não quem eu gostaria de ser, contigo, e você, bem, você eu não sei ao certo quem era, quem é, quem foi comigo e esse meu não saber mas fingir, isso me fazia te trazer na memória, na palma, no peito, de vez em quando.