sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Nós somos o universo


Meu acordar hoje foi harmônico. Energias renovadas. Sentidos aguçados. Vontades sensíveis inexplicáveis de se doar à vida, amar o devir e agradecer o inevitável.
A princípio se pensa que o motivo aparente desse bem estar é o dia, que amanhece absolutamente esplêndido, ou até uma melodia comovente que transforma tudo em beleza sublime.
Mas eu acredito que o que realmente transforma nossa forma de ver e sentir o mundo é a percepção inesperada de que somos parte pacífica, natural e resplandecente disso. Somos também beleza esplêndida e inexplicável. Somos vibrações que se propagam pela atmosfera, em diferentes frequências, casando com os ciclos naturais universais. Somos o universo inteiro.
Um dia colorido e ensolarado intensifica as cores do universo e nos aproxima, pela beleza, da nossa essência que sempre foi natural-natureza colorida. Uma música comovente desperta nossa disposição benévola do ânimo. Nossos sentidos inclinam-se para o que é bom, sincero e natural. E no momento em que nos percebemos ser tudo isso, nosso corpo/alma/espírito resplandece em um movimento de união genuinamente natural. Nossas vontades passam a condizer com os ciclos nos quais estamos imersos. E ainda que tudo que se diga e se explique sobre essa ocorrência de percepção seja apenas linguagem, discurso ou soma de conceitos, o explicar não poderia ser mais inexplicavelmente sincero e próximo dessa realidade puramente sentida.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Vento e poesia

O vento
que soprou na janela
fez a ponta da cortina
roçar as cordas do violão.

O violão
recobrando os sentidos
me deu um "mi" tão surpreso
que chamou atenção.

Digo, então,
que o vento me trouxe, ao balançar a cortina,
a princípio um tom.

E este tom,
manifesto sutil expresso no som,
tocou na questão:

Impressão sensível do fato teria
todo aquele cujo hábito
é ver poesia?

sábado, 19 de abril de 2014

Marginália#2

O Eduardo se esconde
do amor proibido
porque o preço na carne
não vale o libido
Que o Eduardo carrega à margem de si.

Marginália

O Eduardo se esconde
do bonde da vida
E o bonde que passa
nem sabe a ferida
Que o Eduardo contém escondida no peito.

domingo, 6 de abril de 2014

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Encontro

Pergunto-me isto há dias: De onde veio toda essa amargura dos teus escritos?
Foste tu ou fui eu quem externou todos eles? Fui eu. Um eu em crise, um eu perturbado, confuso e descontente. Este eu que já não sou, mas tu. Inseguro por não conseguir lidar com a balbúrdia da própria cabeça. Tão inconformado e descrente, pobre ser é o que tu és! Quando foi que perdestes a confiança em tuas próprias decisões?  Eu não sou tão rude nem tão descrente assim! Tu penetrastes na penumbrosa desordem dos inconstantes pensamentos sem ao menos possuir um foco de luz. Tolo é o que somos. Tolo tu, por mergulhares tão fundo. Tola eu, por te deixar existir e insistir tão miseravelmente. Eu sinto muito. Eu me sinto tanto. Vem, volte pra cá e te encontra outra vez em mim. Tu sou eu e contigo longe eu não me sou completa.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

24 de agosto de 1988


Hoje ela se encontra num estado tal que nem mesmo o horror da realidade e a imprecisão do futuro lhe abalam o chão. Enxerga o passado sem lástima e o presente como uma grande oportunidade. Não tem pressa. Seus pés estão firmes, Sua mente está tranquila e a pulsação controlada. Um estado de espírito invejável, pra lá de satisfeito. Hoje o mundo é dela, acontecendo livremente, conforme a sua natureza. E o amanhã a aguarda sorridente. Que assim seja. Feliz aniversário, menina doida.