quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

[Sem título]

Perdi minha bússola
mas ainda restam meus ossos,
restam meus planos,
nesse mundo duro,
nesse mapa de sonhos.

Estou longe de tudo
que um dia me fez bem,
a TV não distrai,
o sol,
Não ilumina ninguém.

Não carrego sementes,
nem mais opiniões,
ouço o que todos me dizem,
no que acredito,
são raras exceções.

caminhar sozinho é perigoso,
quando se anda nas margens,
as regras são jogadas no vento,
e o momento,
é cinza aos meus olhos.

junto uma pedra no chão,
ela cabe no meu bolso,
se encaixa nos meus planos,
o que eu sinto,
são boas vibrações.


por Diego da Cruz.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

High tech, Low life












Parece real, mas é de plástico, silicone, poliestireno.
Parece legal, mas mata aos poucos.

O corpo não tem limites, os velhos nao têm descanso: copulam, trabalham.
O artificial é melhor que o natural: ambientes climatizados, água quente, perfumes, remédios.

O estacionamento vale mais do que um bosque e, no fundo, preferimos a cidade a morar no mato.

A televisão ligada em todos os lugares no mesmo canal. Pessoas assistindo ao mesmo programa. Pessoas discutindo o mesmo assunto. O mesmo assunto em todos os lugares.
Essa é a conquista da comunicação... A comunicação é o quarto poder.

Mesmo no lugar mais remoto, a civilização esta com você: ou no seu bolso, ou naquele satélite que está te olhando, ou na placa de Sorria .

Um computador portátil para cada habitante
Acesso irrestrito à internet
Serão alguns dos direitos do cidadão

A tecnologia não tem fim! Você tem que fazer o update ou ficara desatualizado, já que daqui a pouco sairá outra versão.
É a era da informação descartável.

O coletivismo venceu afinal!
Aqui ou na Europa vemos as mesmas coisas, sabemos as mesmas coisas.
Discutimos as mesmas coisas, gostamos das mesmas coisas...

Os computadores não facilitam, eles dobram a carga de trabalho.

Já existe anestésico para suas dores, cura para a feiúra, melhoramento genético.
Tudo o que você quiser, nós temos.

Esportes mundialmente louvados, celebrados, divinizados.
Heróis com salários lunares, propaganda manipuladora.
Governos se utilizando do esporte
Drogas e treinamento levando além das capacidades
Celebridades de 15 minutos, música mecânica.
Nano criaturas melhorando você por dentro, pandemias fulminantes, caos global.
Pesquisas em milésimos de segundos, trilhões de pesquisas por dia.
Dinheiro virtual, personalidades virtuais, sexo virtual.
Delivery, pay-per-view, e-mail, água encanada, energia elétrica, conexão wi-fi, bluetooth...

AHH!! É muita coisa pra mim...

Afinal, qual o objetivo de tudo isso?

Press any key to continue...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Mal-me-quer


Foi num canto que me escondi do mundo das pessoas

E descobri-me capaz de tudo

Menos da vida.

Foram as flores que me desiludiram: algumas têm mau cheiro.

Agora tudo o que eu pensava me cheira mal...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O anel não era de ouro, mas o brilho era intenso.

Distraída, olhando para fotos que ela não tirou, ouvindo músicas que não são da sua época, imaginando estar em lugares que nunca visitou, desejando conhecer pessoas que nunca viu, ela chorou. Chorou sozinha porque entendeu sozinha o sentido do ser. Chorou pelos planos que não cumpriu, porque no planejamento não incluiu os imprevistos. Chorou porque mudou de roupas mas continuou a mesma, lendo para si, rindo consigo. Chorou porque sofreu por amor mas amou mais o sofrimento do que o próprio amor. Chorou porque acabou passando mais tempo no quarto, do que na rua. Chorou mas não entristeceu. Chorou porque é a vida dela, porque acima de tudo é melhor do que esperava, porque nunca esperou por muito.
Chorou, riu e escreveu.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Imperativo: vá nadar!

Bá! Agora estou sentado a escrever aqui em frente ao computador. Descrevo uns detalhes como o vento que entra por uma janela e sai por outra, fazendo uma corrente de ar fresco vindo da rua noturna, um ronco de automóvel ao longe ouvi, um leve cansaço propício para a transfusão do pensamento inconsciente para dentro do que escrevo e uma dor na nuca que já me saturou a paciência.

Só coisas irrelevantes. Não tenho a mínima intenção de prender sua atenção mais um minuto. Antes desejo que o leitor querido vá fazer nada, literalmente, do que ler o que tenho aqui escrito.

O que eu escrevo, escrevi e escreverei não tem a mínima importância. Vai-te agora fazer nada. E sozinho! Só assim sentirás o que eu sinto e desejo escrever e que as palavras não me serviram para isso. Vá então fazer nada, só assim deixamos de ser formigas.

Afinal, a fábula da cigarra e da formiga foi sempre injusta! Ser cigarra tem enormes vantagens...

Pela quarta vez e ultima vez: vá fazer nada.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Epifania...

E o mundo será isso e... pronto?
E a moral será isso. Só?
E a verdade será apenas um conto?
Afinal, de quantas maneiras se desfaz um nó?

Vivo num grande formigueiro...

Mas me descobri humano!

Enfim, respiro!

Ah sentimento errôneo e culpado! Por tanto tempo me tens assombrado! Mas agora que te domino, de ti retiro minhas forças. - E como sou forte agora! - Triunfante me ergui sobre minhas vontades (ou seriam instintos?). É lindo o que posso fazer com as novas asas que ganhei. Temo, porém, pela minha integridade mais do que nunca! A liberdade é senão atraente e perigosa... Por ela perdi partes preciosas de mim mesmo, mas junto dela hei de engrandecer ainda mais a minh'alma. Morro por ninguém, mas pelos ideais que tenho! Afinal, são as únicas coisas que realmente tenho...