quarta-feira, 3 de março de 2010

Na Memória

Do mesmo jeito que o vento bateu na janela e agitou a cortina, desse jeito a imagem ficou paralisada, gravada na memória. Fechou os olhos e gravou mais esta, a cortina agitada pelo vento na janela. Já tinha gravado, até então: o sol da manhã, que iluminava o vaso da mesinha da sala, provocando uma sombra enorme que parecia fazer parte do tapete; o sorriso grande de uma criança que fazia marmotas com um coleginha, voltando do colégio; o vapor que levantava do café sendo passado pelo irmão no bule colorido [gravou também o cheiro, desta vez]; e mais o som do sino da igreja que mostrava sete horas, misturado com a música animada que estava ouvindo na mesma hora.
Fez uma coletânea. Guardou tudo na memória, como fotos capturadas no dia-a-dia. Organizou por ordem de captura e coloriu cada moldura de acordo com a cor de cada hora. Desejou dar então cara captura para alguém especial, alguém que recordasse junto com ela as cores do seu dia. Foi imaginando cada captura sendo compartilhada, deixando de ser parte somente dela para ser também de alguém. Depois disso, abrindo os olhos, apagou com o pensamento todas as capturas desse dia, deitou e dormiu. Estava pronta para mais uma coletânea de imagens no despertar do próximo dia.

5 comentários:

Mileto disse...

Ha! As suas boas historinhas =) To gostando de ver. Visita o meu la =) Voltei a ativa, aos poucos.

Letícia Freire de Moraes disse...

Quem é vivo, sempre aparece. (:

Felipe Zatt Schardosin disse...

Tão legal imaginar a cena, e as expressões de vocês dois. =)

Unknown disse...

Eram também dessas coisas que eu falava, no mesmo desejo de dividir: "São essas cores que quero te mostrar, essas que me tocam fundo-do-fundo, que alimentam o meu transbordar, que nunca mais voltam da mesma maneira, mas permanecem no todo, eu só quero dividir para que tu sintas o mesmo pulsar, para que talvez te faça bem, como eu permito que me faça."
;)

Letícia Freire de Moraes disse...

Ale, amiga, você é linda.