terça-feira, 30 de março de 2010

Dessa pra outra.


Sinto em dizer que te deixo agora. Já fiz a minha parte contigo. Mostrei-te o caminho. Falei-te da verdade, das belezas da alma. Sinto em dizer que te deixo agora. Teus sonhos não me bastaram, não me seguraram. Teus olhos cintilantes não puderam me cativar eternamente. Tua felicidade não me foi suficiente. Sinto em dizer que nesta vida eu não vivo mais. Despeço-me de ti, vida minha, porque conheci outra vida. Uma vida que não possui tanta beleza, nem tem sonhos coloridos como os teus, mas me parece comportar uma felicidade que não conheci contigo. Felicidade que vem do fazer, do agir, do se sentir seguro. Sinto em dizer que és insegura, vida minha. És insegura porque te cuidaram desde o teu nascimento. Deram-te tanto apoio, velaram por ti, te amaram demais. E tu, vida, esqueces que o mundo não comporta tanto amor assim?
Sinto em dizer que te deixo agora, mas quero que saibas que sempre estarei por perto. Procurarei os caminhos pelos quais eu possa passar por ti, te ver de longe, porque apesar de tudo tu és a mais bela de se ver. És como uma obra de arte emoldurada. Serás um colírio para os meus olhos secos de lágrimas deixadas por essa nova vida. Gostarei de me encontrar contigo nos acasos do mundo. Tu verás o quão rápido envelhecerei. Verás no meu sorriso o sofrimento do mundo. Sofrimento este que tu não tens nem terás sofrido.
Sinto em dizer que te deixo agora, vida minha. Sinto por ti, que sofres em me ver partir. Sinto por mim, que parto sabendo não poder voltar jamais.

3 comentários:

Rodrigo Mello Campos disse...

wow leti, que ponto de vista incrível.

Me fez pensar muitas coisas, inclusive da vida se despedindo do suicida.


até

Letícia Freire de Moraes disse...

Pensa-se sobre o que entende-se.

Unknown disse...

...todo fim é triste. Sintetizou muito bem, lindo.

Beijos