domingo, 20 de março de 2011

We are accidents

É aquela velha história, daquela velha luta: rotina versus liberdade. Dentro de você, vibrando, queimando, quebrando, acontece a todo o tempo. Se não te parte o peito, parte a cabeça. E o traiçoeiro do tempo é quem faz o fogo. Enquanto ele passa, a luta se agrava. A rotina veda teus olhos, obstrui teus ouvidos, fecha tua boca e você acaba virando um mero sistema digestivo ambulante. Do outro lado, a liberdade, crucificando teus atos, ridicularizando tuas escolhas, te fazendo parar com tudo. Numa hora você finalmente cede e pára. E quando você pára, a luta passa de dentro da tua cabeça pra fora do teu corpo, transbordando, e então você chora. Chora porque nem uma nem outra te agradam em absoluto. Nada satisfaz. Tua vida continua parda. Ruma pra lugar nenhum. E no desespero de perceber teu profundo e infinito dissabor, você deseja o desaparecimento completo. Mas desaparecer é a opção dos corajosos, porque quando tua coragem não é suficiente, aí você escreve.

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